Music
Song 1 – Learning Chagas disease through the elaboration of a parody. Ana Flávia Silva Mesquita – Academic at the Biological Sciences course at the Pontifical Catholic University of Minas Gerais – anaflaviamesquita@yahoo.com.br Nathália de Assis Rodes – Academic at the Biological Sciences course at the Pontifical Catholic University of Minas Gerais – nathaliarodes@yahoo.com .br Marcelo Diniz Monteiro de Barros – Adjunct Professor IV of the Department of Biological Sciences at the Pontifical Catholic University of Minas Gerais – Collaborating Professor of the Graduate Program in Teaching in Biosciences and Health – PG-EBS, IOC – Fiocruz – marcelodiniz@pucminas.br
Poetry
PALAVRAS SENTIDAS
Alberto Novaes Ramos Jr.
Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Medicina, Departamento de Saúde Comunitária, Fortaleza, Ceará, Brasil
As palavras existem em mim
Muito embora não as possa arrancar
Com o afã ou as garras de um poeta
Palavras que se perdem entre dedos de mãos calejadas
Querendo me revelar a cada momento de luta pela vida
Ao sabor do sol, em meio a suor, lágrimas e sangue,
Nas noites ao luar, em meio à fadiga e devaneios
As palavras existem em mim
Muito embora não sejam compreendidas
Com meus sentimentos, tradições, culturas e ignorância
Palavras que ecoam no vazio ao meu redor
A reverberarem no Universo de meus pensamentos
Que me levam a mundos desiguais e injustos nas entrelinhas
E que me impregnam de silêncio, desesperança e tristeza
As palavras existem em mim
Muito embora sem escuta, invisíveis
A me observarem na desumanidade, na falta de calor do outro
Em cenários rurais ou urbanos, de terras minhas ou distantes
A me desfigurarem ainda mais na essência e nos direitos
No exato momento em que me encontro com uma nova face
De “chagásico” e “portador de parasito”
As palavras existem em mim
Muito embora com amarras densas, pela nova face que trago
Busco libertar-me ou curar-me, mas sem sentidos ou vigor,
Perco-me na invisibilidade de meus sentimentos
Destino de meus antepassados, assim escrito
Pletora de pobreza, estigma, culpa e ressentimentos
Caminhos cruzados por anos e gerações de sofrimento
As palavras existem em mim
Muito embora não libertadas, com o tratamento do “parasito”
Muitas marcas que buscam atenção, respostas e cuidado
Mas que teimam em me desestruturar do meu eu
Fragilizam o meu coração e ferem minha essência e alma
Meus poros se fecham, meu suor, sangue e lágrimas se calam
Incapaz de mim mesmo, sigo na busca da perda do meu eu
As palavras existem em mim
Muito embora…
E eis que surgem plenas, em um profundo e inusitado encontro
Vida em cegueira se esvai em um sorriso
Com afeto e preocupação, me escutam
“Como se sente”? “Estamos juntos!” “Você é capaz!!!”
Humanidade, atenção, estima e encontros, também comigo mesmo
As palavras existem em mim
Mas não apenas em mim…
Em milhões de pessoas como “eu”
Em pessoas como “você”, que se importa
Nesta singela e bela certeza do “nós”, espaços infinitos…
Para mais encontros, juntos, nas tramas da vida
Palavras sentidas.